A Lenda do Pequi de Ouro
Entre os povos do cerrado brasileiro, especialmente entre
os Xavante e Karajá, há uma antiga lenda sobre um fruto sagrado: o pequi, uma
fruta amarela, espinhosa, muito valorizada na culinária e na cultura dessas
tribos.
Segundo a lenda, há muito tempo, os deuses presentearam a floresta com uma árvore especial: o Pequizal Sagrado.
Seu fruto não era comum, ao ser colhido sob a lua cheia,
ele se transformava em ouro puro nas mãos de quem fosse generoso de coração.
A notícia do pequi de ouro se espalhou.
Um dia, um homem branco, ambicioso e faminto por riquezas,
ouviu falar da árvore mágica. Fingiu ser amigo dos indígenas, prometendo ajudar
a aldeia em troca do local sagrado. Com muito custo, os mais jovens, curiosos e
inocentes, acabaram revelando a localização do pequizal.
Na noite seguinte, o homem foi até a árvore com um saco
grande e colheu todos os pequis que encontrou. Mas, ao amanhecer, algo estranho
aconteceu: as frutas haviam se transformado em pedras afiadas, e sua pele foi
coberta de espinhos como os do próprio fruto. Desesperado, correu para o rio,
mas a água o rejeitou, virando fumaça ao seu toque.
O pajé da aldeia, ao saber do ocorrido, disse:
“O espírito do pequi reconhece a mão que
oferece e a mão que toma. O ouro que não é compartilhado vira castigo. E aquele
que enganar o povo da floresta será sempre perseguido por sua própria fome.”
Dizem que o homem ainda vaga pelas matas do cerrado, coberto de espinhos, tentando encontrar novamente a árvore, que desapareceu no mesmo dia, protegida pelos deuses.
Moral da lenda:
A verdadeira riqueza está na generosidade e no respeito à
natureza. A ganância quebra os laços sagrados entre o homem e a terra.
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